Conteúdo do impresso Edição 1346

CÂMARA

Heloísa Helena volta ao Parlamento com a mesma postura de 18 anos atrás

Suplente de Glauber Braga e rompida com Marina, alagoana assume criticando o Governo Lula
Por BRUNO FERNANDES 20/12/2025 - 06:00
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BRUNO SPADA/CÂMARA DOS DEPUTADOS
Alagoana assume vaga na Câmara Federal pelo Rio de Janeiro
Alagoana assume vaga na Câmara Federal pelo Rio de Janeiro

Heloísa Helena (Rede-RJ) retorna ao Congresso Nacional após 18 anos, mas o que muitos não lembram, e outros nem eram nascidos, é como foi sua última atuação em Brasília. A passagem final resultou na saída do PT, no rompimento com o Governo Lula e na formação de uma aliança com Marina Silva, hoje transformada em disputa interna por uma sigla.

Suplente de Glauber Braga (PSOL-RJ), Heloísa Helena voltou ao Parlamento após decisão do plenário da Câmara dos Deputados que suspendeu o mandato do deputado por seis meses. Na posse, fez discurso crítico ao governo federal, relembrou embates do passado e
afirmou que atuará sem conciliação com o Planalto.

O retorno reviveu lembranças da última passagem da sertaneja natural de Pão de Açúcar pelo Congresso, encerrada em 2007, quando exercia mandato de senadora por Alagoas. O período foi marcado por confronto direto com o PT durante a reforma da Previdência aprovada no primeiro mandato do presidente Lula.

Na época, Heloísa votou contra a proposta, que alterava regras para servidores públicos. A posição contrariou a orientação partidária e levou à abertura de processo disciplinar, culminando na expulsão da senadora da legenda em 2003.

Durante os debates, Heloísa denunciou perdas de direitos e relatou episódios de repressão em manifestações contra a reforma. Em discurso recente, relembrou que foi retirada à força de protestos realizados em prédios públicos durante mobilizações de servidores.

A ruptura com o PT levou à fundação do PSOL em 2004, partido criado por parlamentares que divergiam da condução política do governo federal. Dois anos depois, Heloísa foi candidata à Presidência da República, ficando em terceiro lugar no pleito de 2006, com 6,85% dos votos.

Naquele período, aproximou-se politicamente de Marina Silva, então também fora do PT. A relação resultou em apoio mútuo e participação de HH em campanhas presidenciais de Marina com caminhadas juntas também pelo Centro de Maceió, quando ambas defendiam pautas semelhantes fora da base governista.

Anos depois, já na Rede Sustentabilidade, Heloísa passou a divergir de Marina quanto à relação do partido com o governo federal. Enquanto Marina optou por integrar a gestão Lula como ministra do Meio Ambiente, Heloísa manteve posição de oposição.

O conflito se aprofundou na disputa pelo comando da Rede, vencida por Heloísa Helena, e expôs divisões internas na legenda que integra federação com o PSOL. A divergência marcou o rompimento político definitivo entre as duas.

Esta semana, na volta ao Congresso como suplente de Braga, Heloísa reiterou críticas a reformas administrativas, privatizações e concessões em setores estratégicos. Também afirmou que enfrentará propostas do governo que, segundo ela, representem prejuízos a
trabalhadores e servidores públicos.

“Lutarei sem servilismo, sem conciliação com o governo federal em qualquer traição de classe. No entreguismo de terras raras, na privatização de rios e outros setores estratégicos. Estarei aqui sem abrir uma única concessão a quem concilia com o capital, enchendo a pança dos poderosos”, afirmou. “Vamos derrotar a reforma administrativa”.

Fora do plenário, o retorno teve reflexo nas redes sociais. O nome e os trejeitos associados ao estilo direto de Heloísa Helena ganharam destaque e viralizaram ao longo da última semana. O interesse também se refletiu nas buscas na internet. A pergunta “Por que Heloísa Helena saiu do PT?” esteve entre as mais feitas no Google nos últimos dias, impulsionada pela posse na Câmara.


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